segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Olhos que nunca veem; ouvidos que nunca ouvem


Ele é uma serpente mortal. Marque as minhas palavras. A serpente de satanás.
Fique de sentinela.
Ele é esperto e astuto.
Ele espreita em cada esquina escura e em cada buraco embolorado. Ele ataca com abandono. O velho, o pobre, o jovem - todos são suas presas. Ele segue o seu caminho tortuosamente dentro de cada vida e raramente perde o seu alvo.
E que astúcia! Nunca sabemos quando ele vai atacar. Quando ele vai se aproximar. Nunca sabemos. Tudo que podemos ver são os resultados da sua mordida fatal: faces pálidas, corações não refletivos, mentes sem questionamentos, vidas vazias. Um rastro desordenado com corações machucados e lágrimas.
Quem é esta serpente? - A ganância? A cobiça? A vaidade? Não (ainda que elas sejam igualmente mortais). Não. Eu estou desmascarando o maior vilão de todas as víboras do inferno - a complacência. Nós vivemos num mundo infestado por complacência.
Somos complacentes para com a espera. Muitas pessoas decidem por algo sem graça, um estilo de vida banal que atinge o seu cume aos 17 anos. Esperança? O que se tem para esperar? A vida é um salário e um final de semana. Nada mais. Você poderia pensar que todos nós tivemos um aborrecimento. É como um carro atrás do outro, dirigindo-se em direção ao despenhadeiro, e nenhum se atrevendo a opor-se. É com nomes pintados em aquarela nos muros ... que são lavados pelas chuvas de agosto.
Somos complacentes para com a morte. As faces mascaradas de um funeral suportam a dor durante todo o cortejo; choro no enterro; e então, poucas horas depois, se divertem com o programa do comediante Johnny Carson. "A única maneira de encarar a morte é aceita-lá como algo inevitável. Não a questione ou a desafie. Você sairá andando deprimido."Nós permanecemos complacentes.
Somos complacentes para com Deus. Os devotos lotam os bancos das igrejas e cantam pelas costas de alguém. A comunhão é perdida na formalidade. Uma, duas, três vezes por semana, pessoas pagam as suas penitências ao entrar pela porta da igreja, manter um ritual e sair pela porta novamente. A culpa é apaziguada. Deus é insultado. Será que somos tão ingênuos em pensar que ele precisa das nossas visitas à igreja? Será que somos tão ignorantes que colocamos Deus em uma caixa, achando que ele pode ser levado para dentro e para fora de acordo com a nossa conveniência?
Somos complacentes para com os propósitos. Como é que pode nesse mundo uma pessoa nascer, estudar, amar ou não amar, ter um trabalho, se casar, ter filhos, cuidar dos filhos, ver a morte, chorar, gritar, sorrir, beber, comer, fumar, subir ou descer a escada, se aposentar, e morrer sem nunca, nunca perguntar o porquê? Nunca pergunta "Por que estou aqui?" Ou, ainda pior, perguntar o porquê e estar contente sem mesmo ter uma resposta. A história está repleta de vidas que morreram sem terem um propósito. As vizinhanças estão cobertas com mediocridade. Os complexos de escritórios são pintados de cinza com uma impressão desagradável. Cinco em cada nove pessoas são hipnotizadas pela rotina. Mas alguém se opõe a isso? Alguém desafia o maquinário? Alguém pergunta por quê?
À vezes tenho vontade de parar na esquina de uma rua e gritar, "Alguém gostaria de saber o porquê? O porquê de entardeceres solitários? O porquê dos corações partidos? O porquê de casamentos destruídos? O porquê de bebês sem pais? Mas nunca faço isso.
Simplesmente coloco as minhas mãos nos meus bolsos, olho fixamente ... e fico a pensar.
A maior trapaça mortal de Satanás não é a de nos roubar as respostas, mas sim a de nos roubar as perguntas.

Autor - Max Lucado
Livro - Moldados por Deus


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