Numa campina improdutiva, o andarilho se agacha e se encolhe. O frio boreal movimenta-se sobre ele, machucando o seu rosto e deixando seus dedos dormentes.O assobio do vento é ensurdecedor. O andarilho coloca seus joelhos junto ao seu peito, ansiando por calor.
Ele não se move. O céu está alaranjado de tanta poeira. Seus dentes estão cheios de grãos de poeira e seus olhos cobertos de fuligem. Ele pensa em desistir. Está indo para casa. Casa nas montanhas.
"Ahh! As montanhas." O espírito que o moveu para as montanhas parece estar tão distante. Por um momento a sua mente vagueia pela sua terra natal. País verde. Trilhas nas montanhas. Água fresca. Andarilhos andando em trilhas bem marcadas. Sem surpresas, poucos medos, ricos companheirismos.
Um dia, enquanto ele fazia uma caminhada refrescante, parou nas montanhas para dar uma olhada no deserto da redondeza. Ele se sentiu estranhamente atraído pela extensa aridez que estava diante dele. No dia seguinte, parou novamente. E no próximo dia, e no próximo. "Alguém não deveria ir lá? Alguém não deveria tentar levar vida para o deserto?"
Vagarosamente, a palpitação do seu coração se tornou uma chama.
Muitos concordaram que alguém deveria ir, mas ninguém se fez voluntário.
Terras desconhecidas, tempestades assustadoras, solidão.
Mas o andarilho, impulsionado pelo entusiasmo de outros, estava determinado a ir. Após uma preparação cuidadosa, partiu sozinho. Com o aplauso dos seus amigos atrás dele, ele desceu as montanhas gramadas e entrou no deserto desolado.
Nos primeiros dias, seus passos eram largos e seus olhos, penetrantes. Ele ansiou por fazer a sua parte, em trazer vida ao deserto. Então veio o calor. Os escorpiões. a monotonia. As serpentes. Vagarosamente, o fogo diminuiu. E agora ... a tempestade. O rugido infinito do vento. O implacável e maldito frio.
"Eu não sei mais quanto tempo eu posso aguentar." Cansado e açoitado, o andarilho pensa em voltar. "Pelo menos cheguei até aqui." "Joelhos flexionados, cabeça baixa, quase tocando o chão." " Será que isso vai acabar"?
Ele ri pela ironia da situação. "Algum andarilho ... muito cansado para continuar, e também muito envergonhado para voltar para casa." O empenho é profundo, muito profundo. Ele não pode mais ouvir a voz dos amigos. O romance pela sua missão se foi há muito tempo. Ele perdeu a euforia pela fantasia de sonhar.
"Talvez outra pessoa devesse fazer isso. Eu sou muito jovem, muito inexperiente." Os ventos do desencorajamento e do medo sopraram sobre o seu fogo, apagando as chamas que haviam sobrado. Mas sobraram os carvões escondidos e quentes.
O andarilho, agora quase uma vítima da tempestade, olha para o fogo pela última vez. (Existe um desafio maior do que o de animar um espírito quando ele está sob o poder de uma derrota?) Desejando e vencendo com garra, a tentação de desistir é gradualmente dominada pelo desejo de vencer. Ao assoprar os carvões, o andarilho novamente ouve o chamado para o deserto. Apesar de inerte, o chamado é claro.
Com toda a força que ele pôde juntar, o andarilho se coloca nos pés, levanta a sua cabeça e dá o primeiro passo em direção ao vento.
Autor - Max Lucado
Livro - Moldado por Deus
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