Eu conheci o
general Leroy Sisco no outono de 2007. Ele tinha vindo à igreja perguntar se eu
gostaria de participar da cerimônia em honra aos soldados feridos que foram
frente de batalha na guerra do Iraque e do Afeganistão.
O general
Sisco fundou uma organização dedicada a ajudar esses jovens a reconstruírem as
suas vidas, e as suas feridas revelavam o quanto custou todo o sacrifício.
Fiquei
honrado e muito feliz em participar.
Quando minha
esposa e eu chegamos, fomos levados para uma sala, onde havia outras pessoas
que iriam participar naquela noite. Uma pessoa nos informou que os convidados
de honra estariam chegando em alguns minutos. Depois de algum tempo, vários
jovens, todos na flor da idade, entraram na sala em que estávamos. Alguns
estavam de cadeira de roda, outros aprendendo a manusear a bengala ou muleta, e
outros, com prótese nos lugares substituindo os seus braços e pernas.
Eles não
precisavam dizer uma palavra sequer, as suas feridas já contavam toda a
história. Cada um daqueles jovens pagou o preço pela lealdade à liberdade. Uma
onda de emoção me inundou ao assistir aqueles pais e maridos, não muito
diferentes de mim, iluminarem o lugar e acalentarem os nossos corações com os
seus sorrisos.
Na hora que
fui fazer o discurso, percebi muitas pessoas de cargos importantes na sala,
como governadores, líderes civis e sociais. Nenhuma daquelas pessoas ficou
olhando tanto para mim, as suas atenções se desviavam para aqueles que
plantaram a árvore da liberdade com o próprio sangue.
No decorrer
da cerimônia, tive a oportunidade de agradecer pessoalmente a cada um daqueles
heróis pelo serviço prestado em nome do nosso país. Eu me senti tão pequeno,
quando eles, por sua vez, me agradeceram.
A vida deles
tinha mudado por terem defendido a minha liberdade e eles me disseram o quanto
apreciavam o fato de eu ter ido em honra do sacrifício deles naquela noite.
O preço pago
por eles foi além do que eu podia imaginar. A vida deles foi mudada para sempre.
Cada momento se converteria em recordações e lembranças físicas do que aquela
guerra havia feito. Aqueles que eram pais tinham perdido a oportunidade de
andar e brincar com seus filhos, como eu fiz com os meus. Os filhos, que tinham
perdido os braços, não podiam abraçar os seus pais, assim como eu fiz com meu
pai. Havia noivos que não podiam mais carregar as suas noivas pela porta, assim
como eu fiz com a minha. Apesar de tudo isso, eles me agradecerem. Foi mais do
que eu podia agüentar. Eu devo a eles toda gratidão por servir o meu país e
pagar o alto preço pela minha liberdade.
Nenhum deles
estava triste ou reclamando das conseqüências trazidas pela guerra. Ninguém
olhou para mim com desprezo por eu não ter colocado o uniforme ou não ter
servido o exército. Todos eles, até o último, disseram que não mudariam nada.
Eles voltariam para a luta se preciso fosse.
De onde vem
esse tipo de caráter – com tamanha determinação para servir aos outros,
desprendidos do que realmente gostam? A lealdade é a única fonte dessa força
tão magnífica.
Estamos
sempre dispostos a fazer as coisas buscando reconhecimento ou recompensa, mas
nenhum reconhecimento na terra compensaria o preço pago por esses soldados.
Apesar de tudo, o espírito deles estava inabalável, com o brilho da
determinação e com o olhar esperançoso. Por quê? Porque eles tinham o senso de
lealdade.
Eles foram
leais à causa que era muito maior do que qualquer indivíduo – a causa da
liberdade. Eles foram leais às pessoas que não os apreciavam muito. Foram leais
ao governo que se escorou nessa causa para conseguir mais pontos nas
estatísticas e serem então reeleitos. Foram leais à palavra e ao juramento feito,
quando levantaram a mão direita e juraram solenemente diante de Deus defender a
nação contra todos os inimigos, sendo eles de fora ou dentro do país.
Aquela
noite, eu aprendi uma lição da qual jamais me esquecerei. Aprendi a lição da
verdadeira lealdade – o tipo de lealdade que paga qualquer preço, mesmo que
isso signifique sacrificar a sua própria vida.
Texto retirado do livro Abalado, jamais
destruído de Matthew Hagge.
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