Charles Haddon Spurgeon (1834 - 1892)
Charles Haddon Spurgeon (19 de junho de 1834 — 31 de janeiro
de 1892) foi um pregador Batista Reformado, nascido em Kelvedon, Essex na
Inglaterra. Converteu-se ao cristianismo em 6 de janeiro de 1850, aos quinze
anos de idade.
Sobre a sua conversão, afirma-se de 1848 a 1850, Charles
Spurgeon teve um período de muitas dúvidas e amarguras. Esteve sob grande
convicção de pecado. Ficou convicto que não era um cristão de fato, mesmo sendo
criado em todo o ambiente religioso de sua família e região, e sobre forte
influência puritana e não-conformista.
Durante o mês de dezembro de 1849, houve uma epidemia de
febre na escola de Newmarket. O educandário foi fechado temporariamente, e
Charles foi para casa, para Colchester, para estar lá durante o tempo do Natal.
Spurgeon a expressou da seguinte forma: “Às vezes penso que eu poderia ter
continuado nas trevas e no desespero até agora, se não fosse a bondade de Deus
em mandar uma nevasca num domingo de manhã, quando eu ia a um certo local de
culto. Dobrei uma esquina, e cheguei a uma pequena Igreja Metodista Primitiva.
Umas doze ou quinze pessoas estavam ali presentes (...). O ministro não tinha
vindo nessa manhã; suponho que foi impedido pela neve. Por fim, um homem muito
magro, um sapateiro, ou alfaiate, ou algo do gênero, subiu ao púlpito para
pregar. Pois bem, é bom que os pregadores sejam instruídos, mas esse homem era
realmente ignorante. Ele foi obrigado a ficar grudado no texto pela simples
razão de que tinha muito pouco para dizer. O texto era - “Olhai para Mim, e
sereis salvos, vós, todos os termos da terra” (Isaías 45:22). Ele nem sequer
pronunciou corretamente as palavras, mas isso não teve importância. Ali estava,
pensei eu, um vislumbre de esperança para mim nesse texto.” Depois de certo
tempo, o ministro apelou aos presentes que olhassem para Jesus Cristo. Spurgeon
olhou para Jesus com fé e arrependimento, tendo Ele como seu Salvador e
substituto, e foi salvo.
Tal era seu amor por Cristo que, apesar de ainda estar com
apenas quinze anos de idade, não pôde ficar esperando para depois fazer alguma
coisa por Ele, mas teve que procurar os meios pelo qual pudesse servi-lo, e
servi-lo imediatamente.
Aos dezesseis, pregou seu primeiro sermão; no ano seguinte
tornou-se pastor de uma igreja batista em Waterbeach, Condado de Cambridgeshire
(Inglaterra). Em 1854, Spurgeon, então com vinte anos, foi chamado para ser
pastor na capela de New Park Street, Londres, que mais tarde viria a chamar-se
Tabernáculo Metropolitano.
Desde o início do ministério, seu talento para a exposição
dos textos bíblicos foi considerado extraordinário. E sua excelência na
pregação nas Escrituras Bíblicas lhe deram o título de O Príncipe dos
Pregadores e O Último dos Puritanos.
Com o passar do tempo, Charles Haddon Spurgeon tornou-se
célebre, e recebia convites para pregar em outras cidades da Inglaterra, bem
como em outros países. Ele pregava não só em reuniões ao ar livre, mas também
nos maiores edifícios de 8 a 12 vezes por semana.
Casou-se em 20 de setembro de 1856 com Susannah Thompson e
teve dois filhos, os gêmeos não-idênticos Thomas e Charles. Fazíamos cultos
domésticos sempre; quer hospedados em um rancho nas serras, quer em um suntuoso
quarto de hotel na cidade. E a bendita presença do Espírito Santo, que muitos
crentes dizem ser impossível alcançar, era para nós a atmosfera natural.
Vivíamos e respirávamos nEle, relatou, certa vez, Susannah. Thomas Spurgeon
chegou a pastorear o Tabernáculo Metropolitano 2 anos após a morte de seu pai.
Os sermões pregados por Spurgeon domingo de manhã, eram
publicados na quinta-feira seguinte, (e revisados pelo próprio Spurgeon) e os
sermões pregados domingo à noite e quintafeira à noite eram reservados para
futura publicação: isso e mais alguns sermões escritos por Spurgeon quando
doente formaram um tal acervo que garantiu a publicação semanal até o ano da
morte de Spurgeon, (até essa data, 2241 publicados) e dos outros até 1917,
totalizando 3.653 sermões publicados divididos em 63 volumes (maior que a Enciclopédia
Britânica e até hoje considerada a maior quantidade de textos escritos por um
único cristão em toda a história da cristianismo).
Muitos sermões de Spurgeon eram enviados via telegrafo aos
Estados Unidos e republicados lá: depois de 1865, muitos deles foram
censurados, pelo fato de Spurgeon ser totalmente contra a escravidão dos negros
africanos. Também escreveu e editou 135 livros durante 27 anos (1857- 1892) e
editou uma revista mensal denominada A Espada e a Espátula. Seus vários
comentários bíblicos ainda são muito lidos. (O seu “Tesouro de Davi”, uma
compilação de comentários sobre os Salmos, levou mais de 20 anos para sua conclusão).
Spurgeon enfrentou muita oposição no fim de seu ministério;
pelos idos de 1887-1888, ele foi envolvido na que se chamou “A controvérsia do
declínio”, quando Spurgeon criticou duramente muitos membros da União das
Igrejas Batistas da Inglaterra (do qual ele era afiliado) que estavam
afrouxando a sua pregação diante do liberalismo teológico e da Alta crítica (
movimento que invocava a ideia de ser uma acurada investigação da historicidade
da Bíblia, mas que na prática negava a Infalibidade e a Inerrância da Palavra
de Deus).
Até o último dia de pastorado, Spurgeon batizou 14.692
pessoas. Nesse meio tempo, Spurgeon teve sua saúde grandemente debilitada.
Desenvolveu, por volta dos 25 nos, Gota e Reumatismo, e grandes ataques de
depressão, principalmente depois de 1857, quando um culto realizado em Surrey
Garden foi organizado para cerca de 10.000, e devido a um tumulto provocado por
um falso alarme de incêndio, levou a morte de 6 pessoas.
Quanto mais a idade avançava, mais essas enfermidades o
debilitavam. Pelo que registrado em suas Biografias, ele teve uma melhora da
Gota, mas mesmo dessa forma, nunca esteve em pleno vigor novamente. Sua mulher
também tinha graves problemas de saúde, e isso agravava mais ainda a situação.
Por diversas vezes, Charles teve que se ausentar de seu púlpito por
recomendação médica. Chegou a passar um período de férias em 1864 (quando
viajou até a Itália), e depois, muitas vezes, sempre no fim do ano, se
hospedava em Menton, Sul da França, pelo clima mais quente que na Inglaterra, e
também por recomendação médica. Depois de 1887, foram cada vez mais constantes
essas viagens, chegando a passar meses em retiro.
Nessa época, foi diagnosticado de doença de Bright, uma
doença degenerativa e crônica, sem cura. Muitos sermões seus eram lidos, e
outros escritos e enviados ao Tabernáculo para leitura, para suprir a falta do
pastor. Em 1891, sua condição se agravou mais, forçando Spurgeon a convidar o
pastor presbiteriano Arthur Pierson dos Estados Unidos para assumir
temporariamente a função principal no Tabernáculo; e Spurgeon ficou em Menton
até 31 de janeiro de 1892, quando, depois de alguns dias de melhora de seu
estado, houve uma grande deterioração de sua saúde, levando ao óbito nessa
data, aos 57 anos.
O corpo de Spurgeon foi trasladado da França para
Inglaterra. Na ocasião de seu funeral – 11 de fevereiro de 1892 – muitos
cortejos e cultos foram organizados em Londres, e seis mil pessoas leram diante
de seu caixão o texto de sua conversão. Spurgeon está sepultado no cemitério de
Norwood, com uma placa que diz: “Aqui jaz o corpo de CHARLES HADDON SPURGEON,
esperando o aparecimento do seu Senhor e Salvador JESUS CRISTO”.