sábado, 19 de julho de 2014

A morte


Existem algumas verdades que devemos entender sobre a morte!

Primeiro: a morte é um evento absolutamente natural. Todos nós vamos morrer, uns mais cedo, outros mais tarde. Humanamente falando, é a única certeza inquestionável que compartilham todos os bilhões de habitantes do planeta. E, por mais difícil que possa parecer, esse é o curso natura da vida, assim como o rio um dia vai chegar ao mar e deixar de ser rio. Vai virar mar. Pronto.

Segundo: a morte tornou-se, na nossa sociedade, sinônimo de derrota. Nos jogos de computador, perde quem morre. A bruxa má morre no final da história e a princesa "vive feliz para sempre" e não "até sua morte". No cinema é a mesma coisa. Os heróis são os que matam mais inimigos. Nas aulas da escola, aprendemos com Darwin que sobrevive "o mais forte", "o mais adaptado", "o melhor". E, mais uma vez, a morte é associada a inferioridade, a derrota, a ser o pior. Assim, somos adestrados desde sempre a considerar a morte um fracasso total. Só que, se fosse assim, toda a humanidade seria fracassada, pois todos morrerão. 
Logo, esse pensamento é absurdo.

Aqui chegamos ao ponto-chave. A grande questão que devemos nos perguntar é: o que fazemos com nossa vida enquanto a nossa morte não chega? Isso é o que realmente importa. Nossas ações, nossas realizações, as palavras que pronunciamos, os gestos e atos, nossas decisões... este é o nosso legado. Isso que deve nos preocupar e ocupar nossos pensamentos. Todos morrem. Ficam as memórias. Devemos, então, nos questionar: que lembranças eu quero deixar após minha morte?

Nos preocupamos demais em conquistar bens materiais, investimos na bolsa, fazemos previdência privada, juntamos dinheiro na poupança. Mas é importante lembrarmos que, quando partimos desta vida, deixamos para trás todos os nossos bens, tudo aquilo que vemos nos anúncios da TV: fica nosso videogame, fica nossa bicicleta, ficam nossas roupas, DVD´s, MP3, tênis, tudo. Não levamos nada disso conosco. Ou seja: será que esse tem de ser o foco da nossa vida?

Pense em alguém que você amava e que perdeu. O que você lembra dele? Das coisas que ele tinha ou de quem ele era? De suas roupas ou de suas qualidades? De igual modo, como você quer ser lembrado após sua morte? Por suas demonstrações de amor ou de ódio? Pela intensa alegria que você transmite ou pela tristeza com que contagia os outros? Por ser alguém que semeia paz ou conflitos? Pela paciência com os demais ou pela impaciência? Por ser um indivíduo benigno e bondoso ou articulador e maldoso? Por ser fiel às pessoas à verdade e à ética ou por ser alguém em quem não se pode confiar? Pela mansidão ou por um temperamento intratável? Por demonstrar domínio de suas ações ou por ser escravo de impulsos e instintos?


Autor - Maurício Zágari
Livro - 7 enigmas e um tesouro


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