João Ferreira de Almeida foi missionário calvinista,
escritor e tradutor. Nasceu em Torre de Tavares, próximo de Mangualde, em 1628,
sendo filho de pais católicos.
Em Malaca Ferreira de Almeida renunciou à religião Católica, para abraçar o Calvinismo, depois de ter lido um panfleto espanhol anticatólico que veio a traduzir em portugês, intitulado: "Differença da Christandade...". Este livro mostrava a divergência entre o Catolicismo e o Protestantismo.
Em 1644, com apenas 16 anos, Ferreira de Almeida traduziu do espanhol para português os Actos dos Apóstolos, que eram copiados à mão e distribuídos pelas comunidades portuguesas. Em 1645 a tradução do Novo Testamento está concluída, mas foi somente publicada em 1681, em Amesterdão.
Ferreira de Almeida visitava doentes em Malaca e mais tarde, em Batávia e percorria diariamente hospitais e casas de doentes, dando apoio espiritual, com orações e exortações. Parece ter sido em Batávia, o centro das suas actividades religiosas. Aí ingressou na Igreja Protestante Portuguesa, (que existiu entre 1633 e 1808) e em 1656, foi ordenado ministro pregador.
De 1656 a 1663, Ferreira de Almeida pregou em várias línguas na ilha de Ceilão (Colombo, Porto de Gale, etc.) e nas costas Indostânicas (Coromandel, Malabar), difundindo em especial a língua portuguesa.
Em 1663, Ferreira de Almeida voltou a Batávia, onde veio a falecer em 1691. Ferreira de Almeida escreveu várias obras, nomeadamente: Differença da Christandade (Batávia, 1668), mas, o que mais o notabilizou foi a tradução da Bíblia para a língua portuguesa.
Começou a traduzir a Bíblia pelo Novo Testamento, que foi publicada em vida do autor, em Amesterdão, em 1681, impressa pela viúva de J. V. Someren. Edição com muitas incorrecções, devido à incompetência dos revisores, de que o autor se queixou numa Advertência, com um apêndice de mais de mil erros, publicada em Batávia, em 1683. Perante estas informações, os Directores da Companhia da Índia Oriental determinaram que fossem destruídos todos os exemplares na Holanda e em Batávia, tendo no entanto, sido poupadas, algumas cópias distribuídas às congregações de Batávia, Malaca e Ceilão, apresentando correcções a tinta.
Para além do exemplar existente na Biblioteca Nacional, temos conhecimento de outra espécie, na British Library.
Saiu do prelo a segunda edição, do Novo Testamento, impresso em Batávia por João de Vries, em 1693, dois anos após a morte do tradutor. A Companhia das Índias Orientais em colaboração com a Igreja Protestante, estabelecida naquela ilha, diligenciou para que os missionários, Theodorus Zas e Jacobus op den Akker, procedessem à revisão e conferissem a tradução de João Ferreira de Almeida com a Vulgata.
Quanto ao Antigo Testamento, Ferreira de Almeida, só concluiu a tradução até Ezequiel, tendo o restante sido continuado por Jacobus op den Akker, em 1694, que só veio a ser impresso em Batávia, em dois volumes, em 1748 e 1753.
Seguiram-se muitas outras edições parciais ou totais, impressas em Batávia, Trangambar, Londres, Nova Iorque e Lisboa.
As traduções foram feitas com o auxílio da versão holandesa do Sínodo protestante de Drodeck (1618) e da castelhana de Cipriano de Valera (1602).
João Ferreira de Almeida teve o grande mérito de passar toda a vida debruçado sobre a Bíblia e só a morte o afastou dessa notável missão.
Ferreira de Almeida zelou para manter as comunidades evangélicas portuguesas nos lugares do Império Português das Índias, que os holandeses iam ocupando, e defendeu, que fossem divulgados livros em português a essas comunidades.
Fonte - Biblioteca Nacional Tesouros
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